Open top menu
4 de novembro de 2014

"MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM." Era o que estava escrito na parede revestida por estuque do palácio real. Uma imagem assombrosa e amedron- tadora que colocou ponto final na festa do palácio. Deus estava falando que chegara ao fim o espetáculo do deboche da fé alheia.

O capítulo cinco de Daniel retrata a imagem de uma festa no Palácio do Co-Regente da Babilônia. Belsazar havia ordenado aos seus subordinados que trouxessem os utensílios de ouro deportados do templo de Jerusalém. Com estes utensílios o rei promoveria uma festa regada a vinhos para os convivas. Era a festa do deboche! Do deboche da fé de um povo. Do deboche dos costumes e hábitos de uma nação. Do deboche da cultura religiosa de um povo. Do deboche do Deus de uma nação.
A ação divina
O quinto capítulo do livro de Daniel demonstra um Deus soberano que perscruta a motivação do coração humano. Ele fez isso com o rei Belsazar. Este caiu na mesma tentação do seu avô, Nabucodonozor. E adoeceu de alma pensando fazer com o poder imperial o que bem entendesse sem ser alvejado pelas suas escolhas. Belsazar escolheu o caminho mais sórdido e absurdo: o da profanação da identidade religiosa e cultural de um povo, e das coisas consagradas a Deus. Somente para mostrar que ele, Belsazar, era mais importante que o Deus de Israel. Entretanto, o rei mal sabia que estava sob o olhar desse Deus.
Para a motivação de Belsazar foi dado um xeque mate: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. Estas palavras são a mensagem de Deus revelada a Daniel: "Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e o acabou. TEQUEL: Pesado foste na balança e foste achado em falta. PERES: Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas". Naquela noite o Deus de Israel acabara com a festa do deboche das coisas consagradas a Deus e do Seu povo. E Belsazar morreu ali mesmo.
Um cuidado na interpretação do texto
Ao lermos este texto temos de ter o cuidado de não fazermos interpretações a fim de colocarmos os utensílios dos nossos cultos hoje acima das pessoas. No Antigo Testamento o povo de Israel, os profetas e as lideranças judaicas não haviam conhecido a revelação de Jesus de Nazaré. Isto é um dado muito importante! Não podemos ler o Antigo Testamento sem considerar o Evangelho ensinado por Jesus de Nazaré, o Deus encarnado em Pessoa, e as cartas apostólicas: O Novo Testamento.
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 39.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Indiscultivelmente Nabucodonosor foi o mais importante dos reis da Babilônia. Seus feitos arquitetônicos construindo cidades e palácios e sua ousadia política, além de demonstrar uma inteligência espetacular apresentam a sua história.
Depois da morte de Nabucodonosor em 562 a.C.,Evil-Mero-daque o sucedeu no trono e, dois anos depois foi assassinado por Neriglissar, seu cunhado, mas quem veio a assumir o Trono foi Nabonido, genro de Nabucodonosor, o qual gerou o filho chamado Belsazar. Este, veio a ser corregente com seu pai, três anos depois. Era um homem blasfemo e não sabia respeitar princípios. Sua história contém elementos de crueldade e total inclemência com os subordinados do reino. Foi, também, um homem devasso que não sabia respeitar a história nem aos valores do reino.
Este capítulo descreve e registra o reinado de Nabonido por 17 anos (556-539 a.C.). Quando foi a Arábia, deixou a seu filho Belsazar como corregente na capital do império. Ele havia sido nomeado por seu pai como seu representante na Babilônia. Era, portanto, a segunda pessoa mais importante do reino. Alguns anos haviam se passado e ao fmal de sua corregência, Belsazar não contava com a invasão dos exércitos da Média e da Pérsia na Babilônia. O império caiu nas mãos dessa aliança medo-persa e um novo reino se instalou.
O capítulo cinco relata essa invasão na capital babilónica. Bel- sazar fazia uma festa regada a vinho e sexo, quando Deus escreveu na parede do palácio a sentença de morte e queda do império babilónico. Está registrado, também, o desrespeito com os valores religiosos das nações e como, de forma abusiva e irresponsável, ele mandou buscar os vasos sagrados do templo de Jerusalém para em- bebedar-se com vinho nos mesmos, Belsazar ultrapassou a medida da paciência de Deus e, na noite de sua festa, foi morto e o reino da Babilônia foi ocupado pelos medos e persas em 539 a.C.
Nesta história aprendemos que ninguém zomba de Deus. Sua soberania jamais poderá ser questionada por simples mortais. Na onis- ciência divina os fatos futuros, presentes e passados são do inteiro conhecimento de Deus. A queda do Império Babilónico havia sido profetizado pelo profeta Isaías,pelo menos uns 150 anos antes de acontecer (Is 14.3-5; 47.1,5). O profeta Jeremias também profetizou sobre tudo o que aconteceria com Israel e as invasões de Jerusalém e Judá, bem como anunciou a destruição da Babilônia (Jr 50.2; 51.53,58).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 77-78.
“Belsazar” (5-1). Por muitos anos a referência a Belsazar foi utilizada como prova de que o livro de Daniel carecia de precisão histórica e teria como origem uma data recente. Foi então que os arqueólogos descobriram evidências não somente de sua existência, mas também de seu papel de regente de seu pai, Nàbonide! Assim se explica a promessa de Belsazar de fazer de Daniel “o terceiro no governo do seu reino”, quando o próprio Belsazar era apenas o segundo mais importante! Os dados apresentados como prova de que a data do livro seria recente, acabou por evidenciar que fora escrito centenas de anos antes do que se supunha, antes mesmo de que os registros históricos da era tivessem sido perdidos.
“Teu pai” (5.11, 18). Apesar dessas referências, Nabucodonosor não era o pai biológico de Belsazar. Este era filho de Nabonide, que assassinara Labashi-Marduk, filho de Neriglissar, genro de Nabucodonosor que, por sua vez, matara o filho do grande rei Evil-Merodaque! As expressões “filho de” e “pai de” eram usadas comumente no mundo antigo para indicar os sucessores e predecessores de reis, tivessem ou não parentesco de verdade.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 517.
Queda do Império Caldeu, 5.1-31
A primeira metade do livro de Daniel é o registro de uma série de encontros cruciais entre o orgulho e poder de homens insignificantes e o grande e bondoso Deus. Este, em última análise, dirige as ações dos homens quer eles reconheçam isso, quer não. O incidente desse quinto capítulo serve como clímax da jornada meteórica ao longo da história do reino Babilónico.
Após a morte de Nabucodonosor, o seu filho, Evil-Merodaque, o sucedeu no trono. Esse é o rei que deu honra especial ao rei Joaquim, depois de 37 anos de exílio, ao soltá- lo da prisão e designar-lhe uma pensão (Jr 52.31-34; 2 Rs 25.27-30).
Depois de dois anos, Neriglissar, o cunhado de Evil-Merodaque, liderou uma revolta e o assassinou. Neriglissar tinha se casado com uma das filhas de Nabucodonosor e reivindicava um certo direito real, especialmente por meio do seu filho, Labashi-Marduque. Mas o jovem não recebeu apoio e logo foi morto pelos seus amigos de confiança. Os generais e líderes políticos escolheram Nabonido, outro genro de Nabucodonosor, um auxiliar experimentado e de confiança durante a maior parte do seu reinado. Nitocris, filha de Nabucodonosor, deu um filho a Nabonido. Seu nome era Belsazar. Por causa do seu sangue real, Belsazar, três anos após a ascensão de Nabonido ao trono, foi feito co-regente com seu pai. Ele tinha a incumbência de governar a cidade e província da Babilônia. Esse foi o rei Belsazar descrito por Daniel, como os caracteres cuneiformes têm revelado após décadas de confusão sobre a sua identidade, mesmo entre estudiosos conservadores.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 515.
I - O FESTIM PROFANO DE BELSAZAR
1. A zombaria de Belsazar (Dn 5.1-4).
“na presença dos mil” (5.1). Refere-se aos convidados de Belsazar na frente dos quais ele bebeu vinho, como uma demonstração libertina diante dos seus convidados iniciando a bacanal dentro do palácio. Poderia ter sido mais uma festa palaciana na Babilônia se a festa promovida por Belsazar não tivesse sido uma festa de escárnio ao Deus dos cativos judeus.
“mandou trazer os utensílios de ouro e de prata... que seu pai Nabucodonosor tinha tirado do templo que estava em. Jerusalém” (5.2,3). Belsazar não teve escrúpulos nem respeito com os utensílios sagrados trazidos de Jerusalém como espólio de guerra por seu avô Nabucodonosor. Ele foi um homem sensual e sacrílogo, pois não tinha o menor respeito por coisas sagradas. Além de desafiar o poder de Jeová e querer usurpá-lo, Belsazar foi mais longe e fez escárnio da verdadeira religião para satisfazer seus intentos baixos, frívolos e profanos. Quando o teor alcóolico subiu à cabeça de Belsazar, então mandou trazer os “vasos sagrados do templo de Jerusalém” para serem usados em suas orgias com suas mulheres e prostitutas. A profanação das coisas santas sempre foi condenada pelo Senhor (Dn 1.3;Am 6.6; Is 52.11).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 78-79.
Belsazar (nome que significa “Oh, Bel, protege o reil”) é de origem posterior. A Septuaginta confunde esse nome com Beltessazar. Tem os em Belsazar um rei para todos os propósitos práticos, mesmo que ele não tivesse sido um rei no sentido real. As inscrições nunca o mencionam com o um rei que estivesse governando.
Mas não há razão alguma para duvidarm os do fato de que seu pai o investiu com poderes reais, pelo que a palavra rei, que aparece neste texto, pode ser considerada correta o bastante para não estar sujeita a críticas e censura. Coregente é termo forte demais para descrever a situação.
Aqui se demonstra que a vontade divina acaba dominando no fim, e que todo sacrilégio deve ser punido. Ademais, o fim do im pério babilônico foi o início de uma nova esperança para Judá. Agora os judeus poderiam voltar para reconstruir Jerusalém, por meio dos graciosos decretos de Ciro.
Dn 5.1 O rei Belsazar deu um grande banquete. O “rei”, que era um homem vão, ofereceu um vasto banquete para mil convidados! O rei continuava a beber vinho na presença dos convidados, que tam bém continuavam a beber só para fazer-lhe com panhia. Talvez esteja em vista algum a festividade o ficia l nãoidentificada.  Os vss. 30-31 mostram que tudo isso ocorreu nas vésperas da queda da Babilônia, em 538 A. C. Se supuserm os que Daniel tenha sido levado para o cativeiro aos 16 anos de idade (em 605 A. C.), chegarem os à conclusão de que ele tinha cerca de 83 anos por esse tempo. “As inscrições contem porâneas deixam claro que a Babilônia foi capturada sem que se aplicasse um golpe sequer, e que Nabonido foi im ediatam ente feito prisioneiro. A própria inscrição de Ciro sugere que ele foi recebido com alegria pela população. Uma tradição posterior, entretanto, inform a que a cidade foi conquistada por m eio de um assalto noturno, enquanto os habitantes celebravam uma festa. Há traços dessa tradição em Heródoto (Hist. 1.191), bem com o em X enofonte (C yropaedia, V II.5.15-31)” (Arthur Jeffery, in loc.).
A arqueologia descobriu um vasto salão na cidade de Babilônia, com pouco mais de 50 m de comprimento, cujas paredes eram emplastradas. Esse é um lugar de dimensões suficientes para que ali tivesse ocorrido o banquete mencionado, com seus mil convidados.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3391.
Vários fatos marcantes nos chamam a atenção nesse texto de Daniel em primeiro lugar, Babilônia estava sendo tomada enquanto o rei estava festejando (Dn 5.2-4,30). Naquela noite, o rei Dario estava desviando o curso do rio Eufrates e marchando pelo leito do rio para entrar na inexpugnável cidade da Babilônia para tomá-la. O império estava caindo, e o rei estava se banqueteando. Aquela era sua última noite, e o rei estava se embriagando.
Em segundo lugar, o rei dá uma grande festa no dia de sua grande ruína (Dn 5.1). Ele estava fazendo uma festa nababesca no dia mais fatídico de sua vida. Osvaldo Litz diz que quanto maior a festa, maior a glória do festeiro.
Eles querem diversão e prazeres. A maior cidade do mundo estava sendo tomada, e o rei e os nobres estavam bebendo e se divertindo. Eles estavam à beira de um abismo e não se apercebiam disso. Muitas pessoas também não se apercebem do risco que correm. Estão à beira da morte, nas barras do juízo de Deus e continuam anestesiadas pelos seus pecados.
Em terceiro lugar, o rei lidera seus nobres em uma festa dissoluta, de embriaguez e de sensualidade na noite de seu juízo (Dn 5.2,3). Outro erro do rei foi o abuso da bebedeira. A embriaguez promove a dissolução (Ef 5.18). A bebedeira é um espetáculo indigno que produz conseqüências desastrosas. Quem bebe está soltando os freios do domínio próprio à beira de um abismo: acidentes de trânsito, brigas, assaltos, arrombamentos, delitos sexuais, adultérios e assassinatos têm muitas vezes sua origem no álcool. O rei deu uma grande festa. Gostava de pompa. Vivia para o prazer. Usava o poder apenas para corromper-se e deleitar-se no pecado. Era a festa dos excessos, da embriaguez desavergonhada. Onde as pessoas se entregam à bebedeira, náo há bom-senso nem equilíbrio. O caminho da embriaguez é o caminho da ruína. A estrada da embriaguez é o caminho da vergonha, da derrota e da morte.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 71-72.
Dn 5.1: “O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.
"... um grande banquete...” O presente versículo tem seu paralelo no primeiro capítulo do livro de Ester, livro que marca também um período do cativeiro. Ali há um banquete semelhante a este, em que alguém também perdeu sua coroa. Belsazar era um príncipe caldeu, e, como tal não devia beber, pois a Bíblia exorta a respeito. (Ver Pv 31.4). A advèrtência divina é mais sublime do que a atitude deste monarca; ela recomenda a todos: “Melhor é ir a casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete, porque ali se vê o fim de todos os homens” (Ec 7.2). O rei, em sua orgia e devassidão, viu o fim de seu reino e de seus grandes naquela mesma noite. Os homens sempre falham, mas a Palavra de Deus não (Jr 1.11,12). O rei Herodes pereceu ferido pela mão poderosa de um anjo, porque não deu glória a Deus, quando podia ter dado (At 12.23). A grande advertência divina é: "... qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado e aquele que a sí mesmo se humilhar será exaltado”. Belsazar, pelo que fica depreendido do texto em foco, não se humilhou e por essa razão foi reduzido a nada. Neste banquete real, podemos observar o extremo descuido daquela gente. O inimigo estava às portas da cidade, enquanto que todos os grandes do reino se encontravam reunidos numa bebedeira. O comandante Ciro, já se encontrava desviando o curso do rio Eufrates, que passava pelo meio da cidade, e após, entrou pelo leito seco do rio. Ele tomou a cidade de “assalto” naquela mesma noite. Assim Babilônia foi sacudida pelos dois “tufões de vento do Sul, que tudo assola” (Dario e Ciro). (Ver Is 21.1). Paulo diz que “os que se embebedam embebedam-se de noite” (1 Ts 5.7); o rei Belsazar escolheu essa hora sombria da noite, e nela pereceu.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 91-92.
2. A insensatez e a crueldade do autocrata Belsa.
Sua insensatez era demonstrada pelo pouco caso que fazia do próprio reino sem se importar com o fato de que seu pai estava fora da Babilônia. Sua insensatez foi demonstrada nas ações libertinas cuja preocupação era o seu próprio prazer com bacanais com sexo e bebidas alcóolicas. O sábio Salomão referiu-se a esse tipo de festa e disse: “Melhor é ir a casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete,porque ali se vê o fim de todos os homens” (Ec 7.2). Foi o que aconteceu com Belsazar que, em sua orgia e devassidão, acabou por ver o fim do seu reino e dos seus convidados naquela mesma noite em que a mão escreveu o seu juízo na parede do salão de festas.
Belsazar promoveu uma festa de profanação das coisas sagradas (5.3). Na verdade, Belsazar não tinha o menor escrúpulo com coisas sagradas. Ele era um dissoluto e soberbo que, não apenas bebeu vinho nos vasos sagrados da Casa de Deus em Jerusalém, mas encheu a medida do cálice da ira divina. Como era um homem dissoluto, promovia festanças para se entregar à bebedeira. A Babilônia era uma cidade de opulência e luxúria e no palácio imperial se promovia constantemente festas que homenageavam seus deuses, os deuses dos caldeus. Enquanto seu pai Nabonido estava no campo de batalha defendendo o reino da Babilônia contra as forças dos medos e dos persas, ele pouco se preocupava, senão satisfazer suas paixões. A festa era incompatível com a situação instável de enfraquecimento do reino da Babilônia, mas ele preferiu dar vazão aos seus instintos pecaminosos sem se preocupar com aquela situação. Belsazar era homem cruel. Acostumado a ter o que quisesse, não media dificuldades para fazer valer sua vontade, tanto para matar seus oponentes como para se cercar de pessoas da mesma estirpe. Naquele momento festivo as províncias do reino já haviam caído nas mãos dos inimigos, e Ciro, da Pérsia, com seus exércitos estava cercando a capital que seria, de fato, a conquista final do novo império que o sucederia.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 79-80.
Segurança falsa. O rei festejava com “os seus grandes”, pois todos supunham estarem protegidos pelas muralhas maciças. O que não podiam imaginar é que as forças persas haviam mudado o curso do rio que atravessava a cidade. Com a queda do nível da água, o inimigo simplesmente caminhou ao longo da cabeceira do rio, por baixo das grades de proteção, e surpreendeu os babilônios no interior da cidade. Uns 80 anos mais tarde, o escritor grego, Heródoto escrevia. “Se os babilônios tivessem sido alertados da estratégia de Ciro (...) teriam aferrolhado todas as portas das ruas que passavam por sobre o rio, além de destacarem sentinelas em ambas as margens por toda a correntc, o que faria com que o inimigo fosse surpreendido como se tivesse caído numa armadilha (...) Devido à vastidão do lugar, mesmo muito tempo depois que as áreas periféricas haviam sido tomadas, os habitantes ainda continuavam a ignorar o que vinha ocorrendo, pois, como estavam envolvidos na festa, continuaram dançando e se divertindo até que, finalmente tomaram conhecimento do ocorrido”. Que semelhança entre tanta gente da atualidade, que se sente segura por trás dos muros da riqueza ou da posição social, jamais imaginando que a ruína está tão perto, até que seja tarde demais.
RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Editora CPAD. pag. 517.
Não é fácil reconstruir os acontecimentos que envolvem a queda de Babilônia. A assim chamada Crônica de Nabonido102 está incompleta, mas fala do retorno de Nabonido a Babilôma para as comemorações do festival de ano novo. A data está faltando, mas conjetura-se que seja “décimo-sétimo ano", pois os exércitos de Ciro já vinham se aproximando. O mês Tasritu (sétimo mês) é mencionado em conexão com o ataque de Ciro ao exército babilõnico em Opis, às margens do Tigre, e a revolta da cidade e seu massacre. “O dia 15 de Sípar marcou uma vitória sem lutas. Nabonido fugiu. No dia 16 Gobrias, governador de Guti, e o exército de Ciro entraram em Babilônia, sem oposição”. Presumivelmente foi este o evento a que Daniel 530 se refere, embora somente no mês seguinte Ciro tenha entrado em pessoa na cidade (2 de novembro de 539).
Visto sob esse transfundo, o banquete de Belsazar foi pura bravata, o último estertor de um rei apavorado, tentando sem sucesso afogar os seus temores. Não é de se admirar que o pânico tomou conta dele fazendo-o passar vexame assim que algo inesperado aconteceu. O fato de seu pai ter abandonado a capital, deixando que ele enfrentasse o inimigo faz com que se fique com um pouco de pena deste príncipe fraco e sacrílego.
Joyce G. Baldwin,. Daniel Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 127.
3. Uma festa profana.
“e beberam neles o rei, seus grandes, as suas mulheres e concubinas” (5.3,4). A despeito da opulência e grandeza da cidade ostentando um palácio imperial onde havia festas, luxúria, prazeres, riquezas e exibição de maldades,Belsazar não teve nenhuma sensibilidade com os vasos sagrados, que certamente eram taças de ouro e de prata e que serviam aos atos litúrgicos do Templo de Deus em Jerusalém. No versículo 4 diz que “beberam o vinho e deram louvores aos deuses... ”. Era uma festa dedicada aos deuses (ídolos) do império, mas que continha degeneradas orgias com homens e mulheres, muita glutonaria e bebedice. A intenção libertina de Belsazar era desafiar os outros deuses, principalmente, o Deus de Israel, amado e reverenciado pelos cativos judeus dentro do palácio. Havia dentro do palácio uma forte influência satânica. Não há dúvida de que os demônios trabalham para desfazer tudo o que diz respeito a Deus e, tomar aquelas taças sagradas do templo de Deus, fazia parte da estratégia de Satanás para profanar as coisas de Deus. O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios, algo que confirma esse fato: “As coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus” (1 Co 10.20).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 80.
Dn 5.4 Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses. Aqueles réprobos levaram muito à frente sua tola questão. Não só profanaram precipitadamente o que era santo, mas chegaram a usar os vasos sagrados para honrar suas falsas deidades, tornando os vasos do templo parte de sua adoração idólatra. Foi uma apropriação vergonhosamente indébita do que pertencia a Yahweh. Por tal ato, eies pagaram um preço altíssimo. É provável que a festa não tenha sido religiosa, mas os babilônios misturavam terrivelm ente as questões do Estado com as questões religiosas, pelo que em qualquer ocasião poderiam m isturar a idolatria com suas atividades. “Até nos banquetes oficiais era costumeiro oferecer libação aos deuses locais, o que era feito com as palavras apropriadas de louvor. Esse detalhe, como é óbvio, aumenta o crime de Belsazar” (Arthur Jeffery, in loc.). Os deuses da Babilônia foram festivam ente servidos, havendo presentes toda a espécie de riqueza material, como ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra, algo que o autor sagrado adicionou a fim de m ostrar a extensão das transgressões idólatras dos culpados. “A perda do sentido do sagrado é sempre um dos sinais da decadência moral... Talvez a perda de respeito pelo que é sagrado para outros seja um sinal inevitável de nossas traições interiores" (Gerald Kennedy, com entando sobre como aqueles homens usavam coisas sagradas em suas orgias de vinho).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3392.
Dn 5.4: “Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, e de cobre, e de ferro, e de madeira, e de pedra”.
O presente texto nos mostra quão grande foi o desrespeito daquela gente à santidade divina; eles não só beberam, mas deram também “louvores” àqueles que, por natureza, não são deuses. Deus adverte, através do profeta Isaías, quando diz: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória pois a outrem não darei, nem meu louvor às imagens de escultura” (Is 42.8). O rei e seus grandes não deram ouvidos à mensagem divina, que está sempre a clamar. Eles não podiam dar, pois estavam embriagados; cinco vezes lemos nesse capítulo que eles beberam. Um escritor observa o seguinte: “Os adoradores, no festim de Belsazar, sentiram a animação do álcool e adoraram os ídolos mortos dando-lhes louvores”. Mas, no Pentecoste, encon- tra-se o segredo da inspiração verdadeira: “Todos foram cheios do Espírito Santo... e falavam das grandezas de Deus” (At cap. 2). Paulo, o apóstolo, adverte seus leitores: “Não vos embriagueis com vinho [como fez Belsazar], em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Os efeitos nocivos do vício têm trazido conseqüências drásticas, tanto à pessoa humana (sentido individual), como também à própria sociedade (sentido coletivo). Portanto, é evidente que, principalmente as autoridades, não devem beber (Pv 31.4).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 93-94.
O rei promove uma festa de profanação das coisas sagradas (Dn 5.3). O rei, além de se entregar à embriaguez, dá mais um passo na direção de sua ruína. Ele manda trazer os vasos do templo para profaná-los de forma estúpida e infame. Profanar as coisas de Deus é um grave pecado. Usar os vasos do templo, consagrados para o culto ao Senhor, numa festa profana, numa bacanal, foi uma terrível ofensa à santidade de Deus. Belsazar fez pior que seu pai. Este saqueou o templo de Jerusalém e levou os vasos sagrados para o templo de seu deus (Dn 1.2), mas Belsazar usou-os de modo sacrílego, para acrescentar um pouco de novidade a sua últim a orgia de bebedeira. O rei estava zombando de Deus ao escarnecer das coisas de Deus. Aquele gesto de profanação era também uma afronta e um abuso ao povo de Deus. A cena é de desprezo ao Deus do céu, o Deus a respeito de quem Belsazar ouvira desde a meninice, e de rejeição ao testemunho que recebera.
O rei coloca os vasos do templo do Senhor nas mãos de seus convidados e lidera a orgia. Escarnecem do sagrado e exaltam o profano.
O rei promove uma festa idolátrica ao dar louvor aos deuses fabricados por mãos humanas (Dn 5.4). Além de profanar as coisas de Deus, o rei ainda usa os vasos do templo para louvar suas falsas divindades. A idolatria é um pecado ofensivo a Deus. A idolatria é uma expressão de profunda cegueira espiritual. Ela provoca a ira de Deus.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 72-73.
II - O IRREVOGÁVEL JUÍZO DE DEUS
1. O dedo de Deus escreve na parede (Dn 5.5).
A justiça de Deus é perfeita e não há nada que possa revogar sua demonstração quando é ferida pela presunção e arrogância do homem. A misericórdia divina está aliada à justiça e se manifesta quando há possibilidade de arrependimento. No caso de Belsazar, no seu coração insensato e cruel não havia espaço para a prática da justiça nem para o arrependimento, o que o levou a sofrer a pena pelo seu pecado. A justiça de Deus manifesta-se pela sua santidade que é a essência do próprio Deus, por isso, não há nenhuma lei acima de Deus, mas há uma lei em Deus. A justiça é uma forma de sua santidade. Não há nada que possa alterar os padrões absolutos de Deus, porque Ele é Deus e sendo Deus, Ele é o que é e, por sua natureza divina Ele faz o que sua natureza requer. Na história do reino da Babilônia e do seu rei Belsazar, o juízo divino revelado e demonstrado contra Belsazar era a manifestação automática e natural da reação divina aos pecados de profanação desse rei.
“Na mesma hora” ou “no mesmo instante” (5.5) da bebedeira e comilança, quando danças sensuais, lascívia e idolatria aconteciam, o juízo de Deus quebrou a arrogância de Belsazar e dos seus grandes, com suas mulheres e concubinas. A festa de orgias e libertinagens que Belsazar promoveu com os objetos sagrados do Templo de Jerusalém, foi surpreendida pelo juízo de Deus. O sábio Salomão escreveu em um dos seus provérbios: “O peso e a balança justa são do Senhor” (Pv 16.8). Não há concessões, nem peso a mais ou menos, na balança da justiça divina. Todos somos pesados pela mesma medida, porque Deus é justo juiz e julga com equidade. O que é irrevogável é aquilo que não se pode anular, não se pode mudar. A resposta divina foi imediata dentro do palácio. De repente, no meio da festa de ostentação e profanação no palácio babilónico, Deus interfere naquela história e manifesta seu poder de juízo escrevendo na parede do salão de festas, diante dos olhos de Belsazar.
O dedo de Deus escreve na parede do salão de festas (5.5). Na linguagem antropomórfica da Bíblia, quando se atribui a Deus mãos, pés, coração, olhos e outros órgãos físicos, próprios do ser humano, há uma demonstração autêntica da figura de “uns dedos da mão de homem” que aparecem escrevendo sobre uma parede caiada. Esta parede estava iluminada por um candeeiro e os dedos daquela misteriosa mão escrevem palavras de juízo contra Belsazar e o reino da Babilônia. A euforia da festa é silenciada e todos, assustados tentam ler a escritura enigmática que tinha um caráter misterioso e exigia que alguém a interpretasse.
A visão era nítida sobre a parede. Não só o rei via a mão se movimentando na parede, mas seus convidados também viam. O barulho das taças e dos vasos de vinho cessou e todos estavam pasmados e emudecidos. A alegria do rei e dos convidados também cessou. O fruto do desprezo ao Deus do céu e o sacrilégio com as coisas sagradas do templo do Senhor em Jerusalém produziram um desespero sepulcral. Na parede se escrevia de modo esplendoroso e assustador a sentença contra aquele rei e contra o seu reino. O mistério da mão escrevendo na parede era confuso, porque Deus confunde os sábios do mundo, porque eles não sabem discernir as coisas espirituais (1 Co 2.14-16). De repente, tudo terminou para aquele monarca estúpido e atrevido.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 80-82.
Dn 5.5 No mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem. O Espírito de Deus não suportou o que estava acontecendo, pelo que interveio im ediatamente. A reação de Yahweh foi im ediata nesse caso, embora com freqüência ela demore um pouco. No entanto, os moinhos de Deus trituram muito fino, pelo que opera a Lei M oral da Colheita Segundo a Semeadura, inevitável e necessária. Embora o moinho de Deus moa com extrema lentidão, Mói excessivamente fino. Embora Ele espere com paciência, Com precisão Ele m ói a tudo. (Henry Wordsworth Longfellow)
Candeeiro. Sem dúvida havia muitos candelabros no salão para mil convidados, e a orgia se deu à noite. O rei era um dos convivas, e o fenômeno sobre a mão ocorreu perto dele. O rei, estando próximo, viu claramente o notável fenôm eno — uma mão com seus dedos, separada do corpo, escrevendo na parede perto dele. Barnes vê aqui o candeeiro de ouro do templo de Jerusalém como o objeto em destaque. Isso teria adicionado certa justiça poética ao acontecimento, Mas trata-se de mera conjectura. Seja como for, temos aqui uma ilustração de como o Deus invisível realmente contempla o homem e reage de acordo com o que vê, segundo as leis morais.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3392.
Deus aterrorizou o rei e o deixou cheio de medo. Belsazar e seus oficiais se encontravam no meio da sua orgia, as taças estavam passando rapidamente de mão em mão, todos se equilibravam sobre as suas pernas, e bebiam à destruição, talvez de Ciro e seu exército, com suas calorosas aclamações, confiando que o cerco logo terminaria. Mas havia chegado a hora em que se cumpriria a profecia expressa há tanto tempo sobre o rei da Babilônia, quando a cidade seria sitiada pelos medos e persas (Is 21.2-4): “O crepúsculo, que desejava, se me tornou em tremores”. A alegria desse baile da corte logo desapareceria, e o desânimo se abateria sobre toda aquela jovialidade, embora o próprio rei fosse o mestre do festim. No momento em que Deus pronuncia a sua palavra, o rei e seus convidados são imediatamente envolvidos por uma enorme confusão, e a festança termina em grande aflição. 1. Apareceram os dedos de uma mão escrevendo sobre a superfície da parede, bem à frente do rei (v. 5): “O anjo Gabriel”, diz um rabino, “estava dirigindo esses dedos e escrevendo através deles”. “A mão divina” (diz o nosso próprio rabino, Dr. Lightfoot) “que havia escrito as duas tábuas da lei para o seu povo, agora está escrevendo a condenação de Babel e de Belsazar sobre a parede”. Nada havia sido enviado que pudesse assustá-los com seu barulho ou ameaçar a sua vida. Nenhum estrondo de trovão nem clarões de raios, nenhum anjo destruidor trazendo uma espada na mão, mas apenas um dedo escrevendo sobre a parede, e à frente do castiçal, para que todos pudessem ver à luz das suas velas. Note que quando lhe apraz fazer isso, a palavra escrita de Deus é suficiente para levar o mais atrevido dos pecadores a se aterrorizar. 0 rei viu apenas uma parte da mão que estava escrevendo, mas não viu a pessoa a quem essa mão pertencia. E era isso que tornava a situação ainda mais assustadora. Observe que aquilo que vemos de Deus, isto é, a parte da sua mão que escreve no livro das criaturas e no livro das Escrituras (que são partes dos seus caminhos, Jó 26.14), pode servir para nos encher de pensamentos terríveis a respeito daquilo que não somos capazes de ver no Deus precioso. Se esse é o dedo de Deus, por que o seu braço está estendido? E o que Ele é?
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 855.
Dn 5.5: “Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo”.
"... o rei via a parte da mão...” A mão direita de Deus Pai, está em foco na presente passagem. O rei não pôde ver a mão completa, mas apenas uma parte; certamente apenas os dedos que escreviam; os magos de Faraó, no Egito, não puderam ver a mão de Deus, mas apenas o seu “dedo” (Êx 8.19). Existe um grande contraste entre “o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18); enquanto o rei via apenas “a parte da mão” misteriosa, os profetas do Senhor puderam contemplar com exatidão, não só os dedos de Deus, mas de um modo particular: 1) suas mãos (1 Rs 22.19); 2) as palmas das mãos (Is 49.16); 3) a sombra da sua mão (Is 49.2). Aquela mão escrevia na “estucada parede”. Segundo a Arqueologia, escavações contemporâneas têm demonstrado que as paredes do palácio tinham uma fina camada de emboço pintado. Esse emboço era branco, pelo que qualquer objeto, movendo-se à sua superfície, tornava-se distintamente visível.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 92.
2. A rainha lembrou-se do profeta Daniel (Dn 5.6-12).
O estado de espírito de pavor total (5.6). O rei e seus convidados empalideceram e seus corações se encheram de terror e medo. Belsazar perdeu o domínio da situação naquele banquete, porque a mensagem sobre a parede era uma realidade.
A busca de respostas de Belsazar (5.7-9).Belsazar manda chamar com urgência os astrólogos, magos e sábios do reino. Pediu aos seus sábios que lessem a escritura sobre a parece e a interpretassem. Não estava entre eles o sábio Daniel. Mais uma vez aqueles homens falharam e não puderam ler nem interpretar aquela mensagem, porque lhes era misteriosa. Belsazar, no seu desespero, ofereceu honrarias especiais aos que conseguissem ler a mensagem, mas ninguém pôde fazer isso.
A rainha mãe se lembrou do profeta Daniel (5.10). Quem era “A rainha”? Seu nome era Nitocris, filha de Nabucodonosor e mãe de Belsazar. Tudo indica que a rainha não estava presente naquela festa de seu filho Belsazar, mas estava no palácio. A rainha mãe, ao ouvir os gritos do filho, entendeu que havia um movimento diferente no palácio. Entrou no salão de festa onde estava o filho-rei para saber o que estava acontecendo. Ao ter conhecimento da misteriosa mão sobre a parede lembrou-se de que havia no Reino um homem (v. 11), chamado Daniel e que era de confiança, tanto de seu pai quanto de seu marido, mas tudo indica que Belsazar sabia muito pouco acerca de Daniel, porque ele não estava no palácio (Dn 5.13).
“Daniel, um espírito excelente” (5.12). No versículo 11, a rainha disse que era um homem “que tem o espírito dos deuses santos”. Era um modo pagão de identificar que havia em Daniel algo superior aos demais sábios. O fato de referir-se aos “deuses santos” tinha a ver com a crença politeísta dos caldeus, mas que Daniel diferia em tudo. Ele não era o jovem do capítulo 2 interpretando o sonho do rei. Ele já era um velho, respeitado e se manteve ausente do palácio por mais de 20 anos, desde a morte de Nabucodonosor. O fato de Daniel “ter um espírito excelente” significava que ele demonstrava um comportamento equilibrado, firme, honesto e despido de egoísmo. O seu temor ao Deus de seus pais, o Deus de Israel, era percebido pela sua fidelidade aos seus princípios.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 82-83.
Dn 5.6 Então se mudou o semblante do rei. O rei ficou estupefacto e aterrorizado com o que viu. Imediatamente passaram os efeitos do vinho embriagador. Nem mesmo em seus sonhos mais desvairados, ele jam ais vira algo como aquele fenômeno. Diz aqui o hebraico, literalmente, “seu brilho foi mudado nele”, indicando total alteração no colorido e na expressão de seu rosto. O vinho tinha iluminado sua face, e até então ele estivera todo cheio de risos e gargalhadas. De súbito, porém, seu rosto foi coberto como que por uma máscara de terror. Seus pensamentos caíram na consternação e na perplexidade. Ele perdeu o controle m uscular, e seus joelhos batiam um no outro. Uma reação neurológica comum de temor é o trem or das pernas, bem como a perda do controle muscular. Essa reação é espontânea e difícil de controlar. Ovídio fala de algo similar em sua obra M etam orfoses 11,180, genua intremuere timore. Ver também Homero, Odisséia, IV.703 e Híada XXI. 114. Algumas vezes, as juntas são chamadas de “nós”, conforme diz aqui o hebraico, literalmente. O tem or desfez os nós do pobre homem e o deixou a tremer, uma descrição pitoresca, para dizermos a verdade, Os Psíquicos Profissionais e os Sábio São Cham ados (5.7-9)
Dn 5.7 O rei ordenou em voz alta que se introduzissem os encantadores. Cada vez que um oficial babilônico caía em dificuldade, chamavam-se os caldeus (a casta dos sábios), alguns dos quais são enumerados neste versículo. Cf. Dan. 1.20; 2.2,4,27 e 4,7 (as listas variam um pouco, adicionando ou deixando de lado uma ou outra das classes; mas está em vista a mesma classe dos sábios em todas essas listas). Esses sábios eram sempre chamados, mas sempre falhavam. Então aparecia alguém para lembrar o rei a respeito de Daniel, o solucionador dos problemas que outras pessoas não podiam solucionar. Aqui, tal como em Dan. 2.6, o rei prometeu que o revelador do enigma seria enriquecido e glorificado. Foi prometida também a veste púrpura, aquela que denotava alguém como autoridade do governo digna de admiração e respeito, Cf. as vestes púrpura de Mordecai, em Est. 8.15. Entre os persas, essas vestes eram sinal da dignidade real (ver Est. 8.15; I Esd. 3.6; Xenofonte, Anabasis, I.5.8). A tintura utilizada era tirada de uma substância vermeiho-purpurina de certos m oluscos (Plínio, Hist. N atural IX.60-62). A cadeia de ouro era outro sinal de dignidade principesca, conforme se vê em Gên. 41.42; Xenofonte (Anabasis, I.5.8); Heródoto (Hist. III.20). Tais correntes de ouro eram dadas pelos reis para honrar certos elementos selecionados por serviços prestados, e só podiam ser usadas como decoração, por altas autoridades. Será o terceiro no meu reino. Esta referência é obscura. Pode dizer respeito a alguma espécie de triunvirato no governo (ver I Esd. 3.9). Ou então está em foco um oficial babilônico, o salsu. O rei era o comandante-em-chefe do exército; o oficial à sua mão direita era o segundo no comando; e o oficial que ficava à sua esquerda era o terceiro. Mas alguns dizem que Nabonido era o verdadeiro rei; Belsazar era seu governante nomeado; e o terceiro seria alguém que atuaria como principal assistente de Belsazar. Sem importar o que essas palavras queiram dizer, uma altíssima posição no reino foi prometida ao homem que pudesse interpretar a escrita na caiadura da parede.
Dn 5.8 Então entraram todos os sábios do rei. Conforme era usual, nenhum membro da casta dos caldeus (os sábios, membros dos quais são especificados em Dan. 1.20; 2.2,4,27 e 4.7) foi capaz de ler e interpretar o escrito. Mas por que eles foram incapazes de ler uma inscrição que Daniel decifrou no primeiro olhar? Conjecturas: 1. Os caracteres eram escritos em semítico antigo ou em alguma escrita que os sábios não conheciam; 2. a linguagem da inscrição era desconhecida para eles; 3. as palavras foram escritas em colunas verticais, mas aqueles ineptos eruditos tentaram lê-las horizontalmente; 4. ou então a coisa toda era um enigma autêntico e só podia ser interpretada com ajuda divina, que não estava disponível para aqueles pagãos. A quarta idéia é, provavelmente, a que o autor sacro tencionava.
Dn 5.9 Com isto se perturbou muito o rei. Belsazar ficou espantado e perplexo com a ocorrência. Aqueles em quem ele confiava serem capazes de aliviar seu espanto apenas lhe aumentaram a inquietação, pois deixaram um mistério profundo e potencialmente ameaçador. “Havia espaço para alarma, quando sábios profissionais foram incapazes de interpretar a misteriosa escrita na parede. Sem dúvida deve-se com preender que o fenômeno apontava para algo portentoso. A incerteza que havia na questão apenas aumentou a agitação do monarca. “Sua cor mudou, e seus senhores ficaram perplexos” (Revised Standard Version). “Seu rosto empalideceu. Os convidados reais ficaram confusos” (NCV). Cf. o vs. 6. “O terror de Belsazar e de seus senhores foi causado pela impressão de que a incapacidade de os sábios lerem a inscrição era o portento de alguma terrível calamidade que estava prestes a atingir a todos” (Ellicott, in loc.).
A Rainha-mãe Faz uma Sugestão Crítica (5.10-17)
Dn 5.10 A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei. Está em pauta a mãe de Belsazar, ou sua avó, mãe de Nabonido. Mas talvez esteja em vista sua principal esposa, a qual se apresentou como pessoa de autoridade superior às das muitas concubinas do rei. Daniel era conhecido pela corte inteira, incluindo a rainha-mãe, que foi o instrumento para solucionar o mistério.
Embora a mulher fosse esposa, mãe ou avó de Belsazar, ela se prostrou diante do rei e proferiu as palavras apropriadas. Cf. Dan. 2.4; 3.9 e 6.6,21. Tendo cuidado das formalidades, ela apresentou sua útil sugestão, conforme o vs. 11 passa a relatar. O rosto caído do rei e sua tez pálida se recuperaram ligeiramente, mas não por muito tempo. Seria melhor ele não ter ouvido a interpretação da mensagem celeste.
Dn 5.11 Há no teu reino um homem. Daniel era cheio do espírito dos deuses santos (cf. Dan. 4.8,9,18). Ele era conhecido como um psíquico extraordinário, o chefe dos sábios profissionais (a casta dos caldeus). Ver Dan. 2.48 e 4.9. Nabucodonosor tivera seus problemas solucionados por Daniel, e Nabucodonosor é erroneamente chamado aqui de pai de Belsazar. Ver a introdução ao capítulo, quanto a explicações. Seja como for, Daniel era o homem de sabedoria e compreensão que nunca errara em suas interpretações. Ele tinha a sabedoria dos próprios deuses, e nenhum membro da casta dos caldeus — encantadores, magos ou adivinhos — podia comparar-se a ele. Quanto a essa casta e seus vários membros, ver as notas sobre Dan. 1.20; 2.2-4,27; 4.7. Uma vez mais, Daniel foi chamado de chefe dos “sábios”.
Dn 5.12 Porquanto espírito excelente. Continua aqui o louvor dado a Daniei, revelando sua extraordinária reputação. Ele era um especialista na interpretação de sonhos, capaz de resolver enigmas e problemas. Portanto, que se chamasse Daniel. As habilidades de Daniel na oneiromancia compõem o tema dos capítulos 2 e 4 do livro de Daniel. Os enigmas (literalmente, “uma coisa fechada ou oculta") eram decifrados por ele. A “solução de problemas”, literalmente, é “desmanchar de nós”. Jesus libertou uma mulher que havia dezoito anos tinha sido amarrada com um nó (ver Luc. 13.16). No Alcorão (113.4), Maomé busca a ajuda de uma mulher que era especialista em “desmanchar nós” e desatá-los.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3392-3393
Dn 5.6: “Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram: as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro”.
"... seus joelhos bateram um no outro”. O presente texto descreve a situação do monarca diante do supremo poder divino; o rei foi achado por seu pecado, num momento inesperado (Ver Nm 32.23). No dizer de Swete: “O que os pecadores mais temem não é a morte, e sim a presença revelada de Deus” (Comp. com Ap 6.15 a 17). Isso pode ser observado em nossos primeiros pais, Adão e Eva; eles correram apavorados com medo da santidade de Deus, o qual, na viração do dia, passeava no Jardim (Gn 3.8-10). O famoso pintor Hashington Alliston, gastou mais de doze (12) anos experimentando pintar a festa de Belsazar; morreu deixando a obra incompleta! - O pintor não podia alcançar, mesmo com todo o seu potencial de imaginação, o desespero duma alma sem redenção que, de repente, se encontra face a face com o julgamento de Deus; o veredicto judicial escrito na parede, por mão misteriosa do outro mundo, refletia toda aquela sentença pronunciada por Deus.
Dn 5.7: “E ordenou o rei, com força, que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores: e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritora, e me declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e será no reino o terceiro dominador”.
O presente versículo tem muitas coisas importantes a serem analisadas, mas tomaremos como base a frase: “o terceiro dominador”, por ser ela imprescindível no versículo em foco. O profeta Daniel, em sua visão apocalíptica, observa que o poderoso Leão visto no capítulo 7, versículo 4: “Tinha asas de águia”. Na simbologia profética, isto pode significar o neto e o filho de Nabucodonosor, respectivamente, Belsazar e Nabonido (este o regente durante a doença do pai - Dn 4.25 - depois ocupou o trono por direito de sucessão). Nabonido não é nominalmente citado nas Escrituras, mas sim na História Universal; no entanto, ele pode ser uma das asas do Leão visto por Daniel em visão (Dn 7.4). Eis a razão por que o rei Belsazar só podia dar a Daniel o “terceiro lugar”, pois o segundo era dele próprio (Dn 5.7, 11, 29). E observado por Zenofon que o povo da Babilônia se sentia seguro e zombava daqueles que sitiavam a cidade. Assim o rei foi levado a fazer essa promessa que nada valia, porque ele tinha de morrer dentro de pouco, e o reino passaria para os medos e os persas.
Dn 5.8: “Então entraram todos os sábios do rei, mas não puderam ler a escritura nem fazer saber ao rei a sua interpretação”.
O presente versículo, bem como outros correlatos neste livro de Daniel, nos faz lembrar dos magos de Faraó diante do supremo poder de Deus, na terra do Egito. Houve uma hora em que eles tiveram de parar, em virtude de Deus ter neutralizado todo o avanço das forças do mal (Êx 8.18). Os sábios podiam ter feito uma interpretação falsa sem que qualquer coisa os desacreditassem, mas não o fizeram. Até os mais infames propósitos não podem ir além daquilo que Deus permite. O mal que permeia todo o Universo não pára de alastrar-se, mas sempre há um momento em que Deus entra em ação conforme lhe apraz: “Operando eu, quem impedirá?” - é a sua grande declaração pela boca de Isaías. Deus não deixou desviar-se o seu plano, mas o executou de uma maneira sublime.
Dn 5.9: “Então o rei Belsazar perturbou-se muito, e mudou-se nele o seu semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados”.
A Bíblia descreve que o “salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). E foi esta a “paga” que Belsazar, com “seus grandes”, escolheu: este “salário mortal”, e ainda podemos verificar que o lugar em que havia tanta alegria (da carne), transforma-se agora, numa verdadeira “perturbação”. “O caminho do homem ímpio é sempre trevas”, diz a palavra divina. A Bíblia diz literalmente, que o rei naquela noite ficou “perturbado”. Ele também literalmente, ouviu a voz de Deus no recôndito da alma, que lhe dizia: “Louco, esta noite pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?” (Lc 12.20). O banquete de Herodes começou com muita alegria da carne, mas foi encerrado com tristeza da alma (Mt 14.9).
O Senhor Jesus sempre tinha em mãos uma “bacia e uma toalha” para seus discípulos (Jo 13.4, 5). Ao contrário, para seus inimigos, Ele chegou a usar um azorrague de cordéis” (Jo 2.15). No dia da vinda de Jesus para seus santos, Ele virá como a “estrela da manhã”, no dia da vingança, porém, como “o sol da justiça”. O monarca Belsazar estava bem instruído sobre o grande poder de Deus e suas manifestações, mas escolheu o “caminho largo” e nele pereceu (Mt 7.13).
Dn 5.10: “A rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do banquete: e falou a rainha, e disse: Orei, vive para sempre! não te turbem os teus pensamentos nem se mude o teu semblante”.
“A rainha”. O presente texto, fala de uma “senhora rainha” que subentendemos ser a mãe do rei Belsazar. O fato de a rainha se ter dirigido ao rei, também atesta a notável exatidão do presente capítulo. Em Babilônia, a rainha-mãe ocupava a mais proeminente posição no palácio real e, aí, devido à sua intervenção, foi chamado Daniel. Ele rejeitou a recompensa real e, após pregar ao rei no tocante à sua perversidade, prosseguiu para a interpretação do estranho escrito. João Batista não teve acesso ao banquete de Herodes, mas apenas a sua cabeça! Mas certamente o tetrarca, olhando para aquele prato manchado de sangue, contemplou a cabeça cuja “boca” um dia repreendera a sua maldade!
Dn 5.11: “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e, nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus, e dos adi vinh a d ores”.
"... deuses santotf’. A expressão no original é realmente “Elohim”, mas como a palavra “Deus”, saiu dos lábios de uma mulher “paga ,os tradutores acharam por bem, traduzir por “deuses”. Mesmo assim, a expressão em si, faz uma revelação da Santíssima Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Dn 5.12: “Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, no qual o rei pós o nome de Beltessazar: chame-se pois agora Daniel e ele dará interpretação”.
O Leitor deve observar que, em diversas passagens do livro de Daniel, ocorre: “sonho” ou “visão da noite”. (Ver 1.17; 2.3,4,5,6,7,9,19,45; 7.1,7, etc.). Os antigos povos criam muito nos sonhos de caráter significativo, e freqüentemente era uma das maneiras pelas quais Deus podia manifestar a sua vontade (Jó 33.14-16). O termo denota as idéias presentes ao espírito durante o sono. Os sonhos podem ser classificados da seguinte forma: 1) Sonhos vãos (Jó 20.8; SI 73.20; Is 29.8). 2) Sonhos que Deus usa para fins especiais. Produzindo estes sonhos, Deus age de conformidade com as leis do espírito, e talvez empregue causas secundárias. O doutor J. Davis define os sonhos especiais da seguinte maneira: 1) Os que tinham por fim impressionar a vida psíquica dos indivíduos. Assim se deu com os midianitas, cujo sonho abateu o ânimo das hostes inimigas e elevou o espírito de Gideão que, providencialmente, ouviu a sua narrativa (Jz 7.13). Da mesma sorte aconteceu dom o sonho da mulher de Pilatos. O que esta senhora (Claudia Procla, segundo a tradição) sofreu no sonho, foi, provavelmente, o horror de ver um homem inocente ser ferido até a morte, vítima do inflamado ódio do mundo. (Ver Mt 27.19). Muitos outros sonhos, porém, têm sido revelações nos tempos modernos. João Newton foi impressionado com a salvação da sua alma, quando teve um sonho que veio esclarecer-lhe o caminho a seguir. João Bunyan, quando se encontrava preso na cadeia de Bedford, em 1660, teve um sonho que imortalizou o seu nome. O resultado foi “O Peregrino”, hoje a mais famosa alegoria do mundo. 2) Sonhos proféticos instrutivos de que Deus se servia (quando a revelação era ainda incompleta) e que tinham em si mesmos as credenciais divinas. Os exemplos são: 1) Abimeleque (Gn 20.3). 2) Jacó (Gn 28.12; 31.10). 3) Labão (Gn 31.29). 4) José (Gn 37.5, 9, 10, 20). 5) Com Faraó (Gn 41.7,15). 6) O padeiro e o copeiro mor de Faraó (Gn 40.5). 7) Salomão (1 Rs 3.5). 8) Nabucodonosor (duas vezes - Dn caps. 2,4). Os magos do Oriente (Mt cap. 2). 10) José, esposo de Maria (Mt 21.20 e ss.).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 94-98.
Um Banquete Estragado (5: 6-9)
Somos informados pela arqueologia que as paredes do palácio eram revestidas de pintura branca, o que lhe dava grande realce face à luz dos candelabros. Nessa altura, ' já todos meio tontos do vinho, é quando aparece na caradura da parede a mão de homem escrevendo, e o rei via os dedos que estavam escrevendo (v. 5). Um pavor e assombro se apossou de todos os convivas, correndo cada qual para um lado, procurando esconder-se daquela mão misteriosa, que tinha ido estragar a festa. Podemos imaginar o que seria o estupor na sala, em gente supersticiosa, e mesmo em quem não fosse. Teriam perguntado uns aos outros o que seria aquilo. O medo do rei era tal que as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro (v. 6); uma viva descrição de quem assistiu de perto à cena tétrica e pavorosa.
Imediatamente o rei ordenou em voz alta que se introduzissem os magos e encantadores, feiticeiros e toda a família de adivinhos, prometendo que aquele que decifrasse a escrita seria o terceiro no reino. Aqui está uma outra prova da autenticidade de Daniel, pois o primeiro era Nabonido, o segundo Belsazar e o terceiro o que decifrasse o enigma. Além disso, receberia uma comenda, constante de uma cadeia de ouro pendurada ao pescoço, sinal de graduação no governo. Os sábios chamados ficaram também estupefatos, eles que nada conseguiram entender da escrita nem do seu significado, Nem com a promessa da recompensa pôde alguém atinar com o sentido da escritura. Aí a confusão teria tomado conta de todos e cada qual procuraria ou fugir daquela sala mal-assombrada ou esconder-se daquela mão misteriosa. Imaginemos a confusão, pois eram mil os comensais e mais os serventes, num todo de umas 1.500 pessoas, uns correndo de um lado para outro, outros falando e os magos mudos, olhando a parede e a escrita. O rei de semblante perturbado, ou mudado, e todos os grandes sobressaltados (V. 9).
Daniel Entra em Cena (5: 10-30)
A rainha-mãe, mulher de Neriglissar, ouvindo ou sabendo da confusão (ela não estava no banquete), entrou na casa do banquete e disse ao rei: Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai... o rei Nabucodonozor...(v. 11 ). Se o livro de Daniel fosse do segundo século a.C., nós não teríamos esta linguagem, is já não haveria rainha-mãe nem tradição alguma a respeito de Daniel. Esta é uma flagrante prova da autenticidade do livro de Daniel. Esta declaração também nos mostra que Daniel, depois da morte de Nabucodonozor, entrou em decênio, e só a rainha-mãe ainda conservava reminiscência das atividades dele. Todos os outros estavam esquecidos ou nunca teriam ouvido falar nele.
Mesquita. Antônio Neves de,. Livro de Daniel. Editora JUERP.
3. Daniel entra na presença de Belsazar (Dn 5.13).
Daniel entra na presença de Belsazar (5.13). Belsazar não via Daniel como um servo do Deus Altíssimo, mas como um sábio sem serviço no palácio. Mas sua mãe o conhecia e sabia que Daniel era um homem diferente e que o seu Deus era Poderoso porque ela mesmo havia testemunhado as proezas desse Deus em outras situações dentro daquele reino. O juízo divino contra Belsazar foi a oportunidade que Deus usou para que seu servo Daniel voltasse a ser reconhecido em uma posição de eminencia dentro do palácio. Na realidade, Daniel era um homem que fazia diferença. A rainha o identificou como um homem de “luz e entendimento” por causa da sua sabedoria e revelação de coisas sobrenaturais. Daniel era um homem que não fazia concessões em relação à sua fé em Deus, por isso, depois de lhe ter sido oferecido presentes, Daniel rejeitou aos presentes do rei (Dn 5.17).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 83.
Dn 5.13 Então Daniel foi introduzido à presença do rei. A sugestão da rainha-mãe foi bem acolhida. O rei certificou-se de que o homem introduzido à sua presença era o judeu cativo que tanto subira no reino por causa de suas aptidões especiais. O texto exalta indiretamente os judeus e seu Deus, à custa dos psíquicos profissionais e seus deuses. Uma vez mais, Nabucodonosor é chamado de “pai de Belsazar” . Ver as notas de introdução ao presente capítulo. Daniel é mencionado como se fosse desconhecido pelo rei Belsazar, o que sugere que o profeta, ocupado nos negócios do Estado, tinha escapado de ser observado até por alguns elevados oficiais do governo. Seja como for, é tolice buscar coerência em tais histórias. Daniel deveria ter, no mínimo, 83 anos de idade, e talvez até tivesse 90 anos, pelo que, como homem idoso, deixara de circular pelo palácio real.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3393.
Deus confronta os pecadores por intermédio de servos fiéis (Dn 5.10-17). Daniel é um homem diferente. Ele tem luz, inteligência, sabedoria e espírito excelente. Belsazar não o quis ouvir durante os dias de sua vida, mas agora precisa ouvi-lo na hora de sua morte. Daniel é um homem insubornável. Ele não faz a obra de Deus por dinheiro. Ele não vende seu ministério. Ele não busca favores dos poderosos deste mundo. Ele rejeita os presentes do rei. Daniel não procurava recompensa nem favores.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 74.
A apresentação de Daniel ao rei, e o pedido para que ele lesse e explicasse as palavras escritas na parede. Daniel já havia sido levado à presença do rei anteriormente (v. 13). Porém, nessa ocasião, ele tinha quase noventa anos de idade, de modo que seus anos, e as suas honras e promoções anteriores o habilitavam a ter livre acesso à presença do rei. No entanto ele desejava ser conduzido pelo mestre de cerimônias como se fosse um estranho. Observe: 1. O rei perguntou, mostrando um ar de arrogância: “Es tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?” Como Daniel era judeu, e um cativo, o rei relutava, pois não queria ser obrigado a recebê-lo, e desejava que tudo isso pudesse ser evitado.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 857.
Dn 5.13: “Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?’
“És tu aquele Daniel?’ O presente versículo nos apresenta uma pergunta do rei, de singular estranheza: E estranho que o rei Belsazar e seus grandes não conhecessem a Daniel. Mas isso não é de espantar, pois o mundo também não conhece os verdadeiros filhos de Deus. Naamã, o comandante sírio, não conhecia o profeta Eliseu, apesar de ter ele mais glória do que o rei (1 Rs 5.8). O rei Saul conhecia Davi muito bem, mas, após sua grande vitória “no vale do Carvalho”, o próprio monarca o desconheceu (1 Sm 17.55-58). Desde os dias da igreja primitiva, o seu alvo principal era tornar conhecida ao mundo a pessoa de Deus. Paulo, em seu grande discurso no Areópago, tomou como tema principal a existência de Deus. O grande sábio, em poucas palavras, declarou a sua grande missão, pois era fazer conhecido deles esse Deus desconhecido. E argumentou, então, que Deus não podia ser adorado segundo sistema idolátrico de Atenas e do mundo pagão em geral.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 98-99.
III - A SENTENÇA CONTRA BELSAZAR E A
QUEDA DE BABILÔNIA (5.22-28)
1. Os sábios não decifraram as palavras escritas na parede (5.15).
Belsazar fala a Daniel da sua angústia (5.15,16). Belsazar declara a Daniel que os sábios do palácio não puderam entender nem decifrar a escritura na parede. O rei, também, diz ter ouvido da sua mãe acerca de sua pessoa (v. 16) e da sua capacidade de revelar sonhos e enigmas e de dar a sua interpretação. Belsazar teve que reconhecer que Daniel fazia diferença dentro do palácio e que ninguém mais poderia ajudar-lhe com a interpretação daquela escritura na parede. Sabendo que os seus magos e astrólogos nada podiam fazer, reconheceu que Daniel era servo de um Deus muito mais poderoso que todos os deuses da Babilônia. Sem dúvida alguma, a tragédia de Belsazar e da Babilônia foi a oportunidade que Deus tinha para que seu servo Daniel fosse reconhecido e voltasse a ter a primazia dentro do palácio.
A atitude de Daniel na presença do Rei (5.17). Daniel se apresenta com autoridade e confiança, porque sabia que Deus lhe daria a interpretação da escritura sobre a parede. Declara ao rei que o faria saber a interpretação, mas a mensagem era dura contra o rei e contra o seu império. A mensagem continha realidades que se confirmariam em breve e o rei precisaria estar pronto para recebê-las. O rei lhe quis dar dádivas, as quais foram rejeitadas por Daniel. Seu papel de profeta de Deus não lhe dava direitos de negociação com a mensagem divina.
Daniel traz à tona a história da grandeza e tragédia de Nabucodonosor (5.19,20). Na realidade, Daniel apela aos sentimentos de Belsazar e descreve a história de seu avô Nabucodonosor para realçar o fato de que, a despeito dos sucessos de seu avô, exercendo domínio sobre as nações conquistadas, deixou-se dominar pela opulência e autoexaltação, sem reconhecer que o cetro de poder e domínio pertence ao Deus Eterno sobre tudo e todos.
No versículo 19, Daniel fala da grandeza de seu avô Nabucodonosor, como grande guerreiro, que tinha mão de ferro contra os seus inimigos. Daniel destacou ainda que, “quando o seu coração se exaltou e o seu espirito se endureceu em soberba, foi derribado do seu trono, e passou dele a sua glória”(v. 20). Daniel queria que Belsazar entendesse que ninguém age desafiando o poder de Deus. Ninguém tira, nem acrescenta a glória de Deus. Quando extrapolamos os limites da racionalidade nos tornamos orgulhosos e presunçosos e, por isso, podemos ser punidos.
Daniel declara o pecado de Belsazar (5.22,23). O texto diz: “E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste de tudo isso”. Belsazar tinha sido advertido de que não deveria abusar contra a soberania do Único Deus, o Deus de Israel, mas ele não acreditou nem aceitou a admoestação de Deus. No versículo 23 está escrito que Belsazar se levantou contra o Senhor do céu ao profanar os vasos sagrados do Templo de Jerusalém, com mulheres e concubinas do palácio.
“Então, dele foi enviada aquela parte da mão, e escreveu esta escritura” (5.24). Foi Deus quem enviou a escritura na parede. Foi dEle a mão e os dedos que escreveram na parede do palácio. Quatro palavras apenas escritas na parede que confrontam todos os que estavam naquele banquete. A parede, de repente, parecia a lápide de um túmulo, que, de forma objetiva tem escrito quatro palavras assustadoras e enigmáticas: MENE, MENE, TEQUEL e PAR- SIM (v. 25)
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 82-85.
A história se repetiu (Dn 2:10-13; 4:4-7) quando os conselheiros confessaram-se incapazes de interpretar a mensagem na parede. Ainda que tivessem conseguido ler as palavras, não possuíam a chave para decifrar seu significado. Mene podia ser "mina", uma unidade monetária ou "contado". Tekel podia significar "sicío" (outra unidade monetária) ou a palavra "pesado"; e peres (o plural de parsin) podia ser "meio sido", "meia mina" ou a palavra "dividido". Podia também ser uma referência à Pérsia! A ignorância dos sábios assustou ainda mais o rei; aturdidos e confusos, seus nobres não foram capazes de oferecer-lhe qualquer ajuda. Havia chegado um momento em que a autoridade política, a riqueza, o poder e a sabedoria humana não podiam fazer nada para resolver o problema. Mais uma vez, o Senhor tornou evidente a ignorância do mundo e a futilidade do poder humano para descobrir e explicar a mente e a vontade de Deus.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 338.
Deus confunde os sábios do mundo com Seus mistérios (Dn 5.7,8). O rei busca uma explicação para a misteriosa aparição nos sábios da Babilônia. Mas eles são impotentes. Eles não podem discernir as coisas espirituais. A sabedoria humana não pode ajudar um homem aflito, em rebelião contra Deus.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 74.
5.15: “Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem esta escritura, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras”.
O presente versículo mostra a grande declaração do rei, quanto àqueles seus súditos. Ele declara a incapacidade deles diante daquele mistério. Pois aquilo que a mão misteriosa escrevera não se achava inserido em nenhum código deste mundo. Não é em vão que as Escrituras falam: “O segredo do Senhor é para os que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto” (SI 25.14). Os magos de Faraó foram até onde puderam, mas depois não puderam mais prosseguir; o poderio humano vai até uma certa distância, mas depois, como sempre, estaciona; porém o poder e a sabedoria de Deus triunfam em qualquer circunstância, tempo ou lugar. A Bíblia diz que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”. Isso significa: Que Ele é o mesmo quanto ao tempo e a importância.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 99.
2. As quatro palavras “misteriosas” (Dn 5.25).
Uma mensagem em língua estranha
“Mene, Mene, Tequel e Parsím” (5.25). Quatro palavras apenas que continham uma mensagem direcionada ao rei e ao seu reino. Quatro palavras estranhas ao conhecimento de todos os que estavam presentes naquele salão de festas, inclusive para os sábios caldeus e astrólogos do palácio que não puderam ler nem entender aquela escritura. Era, de fato, uma escritura em “língua estranha”. A expressão “língua estranha” faz lembrar o Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre os discípulos e eles começaram a falar em “línguas estranhas” ( At 2.1-4). De certo modo, o que aconteceu dentro do palácio Babilónico foi a manifestação de uma língua desconhecida para os sábios do Palácio. Além de não poderem ler a escritura, nem entende -la, a escritura estava escrita na parede na forma de código. A mensagem na parede continha quatro palavras: MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM (Dn 5.25)
A intepretação da escritura na parede
Alguns estudiosos e linguistas bíblicos afirmam que as palavras pareciam uma mistura de língua caldaica e língua do aramaico, mas não há como provar isso. As palavras escritas eram conhecidas na língua dos caldeus, mas eles não sabiam interpretar o sentido dessas palavras. Daniel, então, com autoridade de Deus dá a interpretação sem medo e com segurança. O sentido das palavras da escritura (5.25-28). “Esta é pois a escritura que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM”. As duas primeiras palavras se repetiam: MENE, MENE e tinham o sentido de “contar ou contado”. A palavra TEQUEL significa “pesado”e a última palavra é PARSIM que significa “dividido” (Dn 5.25). Na interpretação da mensagem, Daniel usou no versículo 28 a palavra “PERES”, que é palavra correlata de “PARSIM” e tem o mesmo sentido. Nos versículos 26 ao 28, o profeta explica cada uma das palavras e diz sem medo a Belsazar o significado de cada uma delas. MENE (v. 26): “Contou Deus o teu reino e o acabou”.TEQUEL (v. 27): “Pesado foste na balança e foste achado em falta”. PERES ( ou parsim) (v. 28): Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas”.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 85-86.
Dn 5.25 Esta, pois, é a escritura que se traçou. A escrita era simples: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM, que significa, literalmente: numerado, pesado, dividido. Essas palavras, em seguida, tiveram de ser interpretadas, o que forma a substância dos vss. 26-28. O texto massorético dá o duplo MENE, MENE, mas a Septuaginta, a Vulgata e Josefo dão apenas um MENE, formando três palavras, e alguns supõem ser esse o texto original. Algumas vezes as versões, especialmente a Septuaginta, preservam o texto original contra o texto massorético padronizado. Os Papiros do Mar Morto, manuscritos hebraicos de mil anos antes que aqueles usados para a compilação do texto padronizado, têm textos que concordam com as versões e discordam do texto hebraico padronizado. Talvez a margem de erro do texto massorético atinja 5% do total.
Devemos lembrar que as versões foram traduzidas de manuscritos hebraicos muito mais antigos do que aqueles que formaram o texto massorético padronizado. Portanto, não é de causar admiração que, algumas vezes, eles sejam melhores do que a Bíblia hebraico moderna. “Essas são palavras caldaicas, que podem ser traduzidas literalmente como: numerado, pesado, dividido" (John Gill, in loc.). Por que os sábios babilônicos não puderam ler essas palavras, é desconhecido. O que é dito sobre o assunto é dado nas notas do vs. 8. “MENE, substantivo aramaico que se refere a um peso de 50 siclos (uma mina, igual a 567,5 g de peso). Deriva-se do verbo menah, 'numerar', 'computar'. TEQUEL é um substantivo que se refere a um siclo (28,35 g). Vem do verbo teqel, 'pesar'. PARSIM é um substantivo que significa meia mina (25 siclos, ou seja, 283,75 g de peso). Deriva-se do verbo peras, 'dividir pelo meio'. A palavra uparsin significa ‘e parsim' (u é a partícula conectiva 'e')” (J. Dwight Pentecoste, in loc.).
Dn 5.26 Esta é a interpretação. Embora as próprias palavras fossem tomadas para referir-se a pesos, podendo simbolizar algo como o julgamento político e a justiça popular, a elas foi dada uma direção inteiramente nova, que se aplicava diretamente ao próprio rei. Preservada na questão dos pesos está a balança que pesara o rei e o achara leve demais para poder derrubá-lo. Em outras palavras, ele era tão leve que o Vento de Deus estava pronto a soprá-lo para longe como se fosse feito de palha. Ele era apenas um saco de vento profano. Não tinha substância que atraísse o favor divino.
MENE: Contou Deus o teu reino. Este versículo aborda a questão da interpretação da palavra MENE. Deus contou os dias (do reinado de Belsazar) e determinou que poucos tempo lhe restava. O fim daquele governo tinha chegado. “Deus contou os dias e o teu reino term inará” (NCV). Aquele reino havia alcançado o número determinado de seus dias, mas obtemos aqui a idéia de cortar, o reino perdurou menos tempo do que poderia ter perdurado. O julgamento de Deus decepou o reino da Babilônia. Fez toda raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação. (Atos 17.26)
Isso pode parecer determinismo absoluto, mas muitas são as Escrituras que nos mostram que acontecem aos homens e às nações muitas coisas segundo a Lei M oral da Colheita Segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionário), que opera conforme os homens obedecem ou desobedecem às leis morais de Deus. A presente história é, na realidade, uma ilustração precisa disso.
Dn 5.27 TEQUEL: Pesado foste na balança. Este versículo interpreta a palavra TEQUEL. Deus pôs o rei na balança de Sua justiça e achou que ele era mais leve do que a poeira. Para ser aprovado, o homem teria de ser pesado o bastante para fazer o prato da balança baixar em seu favor — essa é a idéia da metáfora. Um homem tem de pesar mais do que seus pecados e fracassos, ou seja, mostrar que tem algum vafor que pese mais do que suas maldades. “Foste pesado na balança e ficou demonstrado que não és bom o bastante” (NCV). Ou seja, Belsazar não era suficientemente bom para escapar do julgamento que sobreviria naquela m esma noite. Esse juízo veio porque as m aldades do rei ultrapassavam suas bondades. “A noção da conduta humana ser pesada em uma balança é muito antiga e ilustra lindamente as cenas do Egito antigo, onde os mortos ficavam de pé defronte da balança, enquanto o registro era feito. Passagens bíblicas como Jó 6.2,3; 31.6 e Pro. 62.9 refletem essa idéia. Cf. também Sal. 5.6; Enoque 41.1; 61.8, bem como o Quran Sura 21.48” (Arthur Jeffery, in loc.).
“Você foi pesado na balança da justiça e da verdade, na santa e justa lei de Deus, tal como o ouro, as jóias e as pedras preciosas são pesados para se determinar o seu valor... e você foi encontrado em falta, como se fosse ouro adulterado, escória de prata, moedas falsas e pedras preciosas falsificadas, encontrado como inútil como homem, príncipe iníquo, a quem faltam as qualificações necessárias da sabedoria, da bondade, da misericórdia, da verdade e da justiça" (John Gill, in loc.). Essa citação nos faz sentir o que está envolvido nos julgamentos divinos, não somente no que diz respeito àquele pobre homem, mas no que se refere a nós, igualmente. Qual é o peso de nossa sabedoria, bondade, misericórdia, verdade e justiça?
Dn 5.28 PERES: Dividido foi o teu reino. Este versículo interpreta a palavra PERES. Estritamente falando, o reino não foi dividido; simplesmente foi conquistado pelos medos e persas. Mas talvez a idéia seja que essas duas potências dividiram entre si o império da Babilônia. De fato, a Média e a Pérsia eram potências distintas que se uniram mediante a conquista da segunda pela primeira. O terceiro reino do sonho de Nabucodonosor — o ventre e as coxas de bronze — é interpretado por alguns como o poder persa, em distinção ao poder da Média. Portanto, a palavra PERAS pode significar “quebrar”, e, como é lógico, a Babilônia foi quebrada em dois pela derrota que sofreu. Os medos aparecem em II Reis 17.6; Esd. 6.2 e nos livros proféticos. Os medos e os persas são m encionados juntos aqui, tanto quanto no capítulo 6 deste livro, porque os judeus, à semelhança dos gregos, consideravam aqueles dois povos iranianos intimamente associados. Nos escritos gregos, os term os ta Persika e ta Medika tornaram-se sinônimos virtuais, intercambiáveis.
Talvez haja um jogo de palavras intencional aqui, baseado em peres (quebrar) e Paras (Pérsia). Os persas foram os instrumentos da quebra do império babílônico.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3394,3397.
Deus contou seu reino e deu cabo dele: MENE (Dn 5.24-26). No meio da orgia altiva e desregrada, movese uma silhueta escura. São dedos que escrevem quatro palavras, palavras que confrontam todos os festeiros, que põem abaixo o rei e seu reino. A parede real parece a lápide de um túmulo, e todos viram o epitáfio sendo gravado nela: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM (v. 25). Osvaldo Litz diz que essas três palavras fundamentalmente significam número, peso, divisão. O Reino de Belsazar foi contado, pesado, dividido e dado aos medos e persas.
MENE, MENE trata de uma repetição de ênfase. Leupold observa, porém, que M ene significa tanto “contar” como fixar o limite de algo”. De modo que a repetição sugere que Deus havia fixado o limite do reino de Belsazar. Evis Carballosa diz que essa expressão significa que Deus havia contado o reino de Belsazar e lhe havia posto um fim. Os dias de Belsazar estavam contados. Deus decidiu trazer o fim de seu reino. O período de seu governo havia terminado. Durante todos aqueles anos, Deus lhe deu oportunidades, mas ele se recusou. Agora Deus diz: “Basta! Acabou!” (v. 26). Deus o pesou na balança e o achou em falta (Dn 5.27). TEQUEL: Carballosa diz que tekel procede do verbo “teqal”, que significa “pesar” e também “ser leve ou falto de peso”. Deus pesou cada ato de sua vida. Ele tomou notas das oportunidades que Belsazar rejeitara desde sua juventude. Anotou todos os convites que ele desprezara. Deus escreveu, portanto, na parede seu epitáfio. Seus pecados ocultos e conhecidos, suas desordens e bebedeiras, sua rejeição às coisas santas e resistência; às coisas espirituais foram todos pesados na balança de Deus. O Senhor pesou seu orgulho e sua soberba. Tudo foi pesado na balança. Deus ponderou sua vida do princípio ao fim e o achou em falta! Uma vez que Deus não julga imediatamente, os ímpios concluem que não o fará de modo algum. Contudo, Ele pesa em sua balança toda zombaria e afronta. Nada é esquecido. Ele registra todos os convites para vir a Cristo que foram rejeitados. Anota cada desprezo a Sua ordem de arrependimento. Deus tem cada ação do homem gravada no céu. Deus registra tudo.
Deus dividiu seu reino e o destruiu (Dn 5.28-31).
UFARSIM - PERES: peres, derivado do verbo “peras” significa “romper”, “dividir”. O Reino de Belsazar foi dividido. Seu reino seria dividido e destruído. Isso aconteceu pelo poder dos medos e dos persas. O mesmo Deus que dera o reino a Nabucodonozor (v. 18), agora o dará aos medos e aos persas (v. 28). E não foi somente aquele reino que Belsazar perdeu, ele perdeu também o Reino de Deus. O rei atravessou a linha divisória da paciência de Deus. Tudo que o espera agora é “uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários” (Hb 10.27). Naquela mesma noite, enquanto Belsazar e seus convidados promoviam o carnaval da morte, o rei Dario desviou o curso do rio Eufrates, que corria pelo centro da cidade, e entrou, com suas tropas, a pé enxuto na cidade. Assim, invadiram a inexpugnável cidade, mataram o rei Belsazar e tomaram a Babilônia.
Xenofonte e Heródoto narram a queda da Babilônia assim: “Dario desviou o Eufrates para o novo canal e, guiado por dois desertores, marchou pelo leito seco rumo à cidade, enquanto os babilônios farreavam numa festa a seus deuses”. Belsazar não aproveitou sua última oportunidade. No momento em que Deus fez sua chamada final ele estava bêbado.46 Ai dos que deixam passar as oportunidades. Naquela mesma noite, Belsazar morreu e chegou ao fim um reino que durante setenta anos havia dominado a maior parte do mundo conhecido.
Não sabemos quando Deus dirá a alguém: “Mais um pecado, e será o último”. Contudo, a escrita na parede se aplicará a você. Certamente, você será chamado de louco, pois o arrependimento estará fora de seu alcance para sempre! A ordem de Deus para você é: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar” (Is 55.6,7).
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 75-78.
Dn 5.25: “Esta pois é a escritura que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM”.
Alguém já disse com sabedoria que a balança de Deus tem dois pratos, mas um só fiel. Ninguém se engane, Deus pesa até as montanhas (Is 40.12), e não somente isso, mas pesa também: 1) O andar do homem (Is 26.7). 2) O espírito do homem (Pv 16.2). 3) A sinceridade do homem (Jó 31.6). Devemos observar que cada uma das palavras da misteriosa escritura contém um duplo sentido: MENE, enumerado; isto é, Deus havia enumerado (mena) os dias da duração do reino. TEQUEL, um siclo, que indicava que Belsazar havia sido pesado (na balança divina) e encontrado deficiente. PERES, teu reino é dividido (peres) e dado aos medos e persas (paras). A palavra “paras” parece salientar que os persas seriam o poder dominante perante a Babilônia que sucumbiria naquela noite festiva. Seja como for, tudo se cumpriu do mesmo modo que fora lido por Daniel.
Dn 5.26: “Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e o acabou”.
A interpretação que segue é baseada, não neste substantivo mas nos verbos a ele associados. A habilidade de Daniel consistiu em traçar a conexão entre o sinal dado e a condenação que ele sabia ser iminente. Mene é explicado como o particípio passado de um verbo, “menê” ou “me- nã”, “designado”, isto é, em outras palavras: “os dias de teu reino já foram contados”. O reino babilónico cresceu, mas amadureceu para a ceifa. A profecia divina dizia claramente: “teu reino foi acabado”! A mão que escreveu ali foi exatamente aquela que escrevera os “Dez Mandamentos” (a balança de Deus) em tábuas de pedras; escrevera a sentença eterna de Belsazar. As palavras na parede significavam literalmente: Contado, pesado e dividido. Deus anuncia, através daquela escritura, que faltava justiça para a Babilônia e, simultaneamente, é decretada a destruição do reino.
Dn 5.27: “TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta”.
“TEQUEL”. O texto em foco é a segunda palavra na interpretação. Tequel (heb. seqel) é tomada na sua forma verbal, significando “pesado” ou “avaliado”. A idéia está presente em 1 Samuel 2.3, "... porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e por ele são as obras pesadas na balança”. Tal como o salmista, tinha em mente os homens maus (SI 62.9). Belsazar não consegue dar equilíbrio à balança e revela a falta em si de verdadeiros valores, segundo a escala de Deus. Jó, o patriarca de UZ, desejava ser pesado por “balanças fiéis” (Jó 31.6). Os dez mandamentos de Deus e a “Graça e a Verdade”, que veio por Jesus Cristo, são balanças divinas que regulam as nossas vidas. Deus pesa os homens de acordo com esse padrão. Todos os homens querem pesar as suas vidas nas suas próprias balanças, mas somente a balança inevitável de Deus é sempre fiel!
Dn 5.28: “PERES: Dividido foi o teu reino, e deu-se aos medos e aos persas”. “PERES”. Ao ler o escrito final (peres), Daniel leu “U- FARSIM”. Observe-se o versículo 25 do cap. em foco; mas, ao dar a interpretação, empregou a forma “PERES”. O “U” é a conjunção aramaica “e”, que seria omitida ao ser dada a interpretação. “FARSIM” é a forma plural, enquanto que “PERES” é singular (2 Sm 6.8). “A antiga versão da Bíblia continha a palavra “UPHARSIM”, sendo o “U” na língua aramaica, equivalente à nossa conjunção “e”. A versão Revista e Atualizada da SBB traz esta, mas sem o “U” e com a conjunção “e”, seguida da palavra “Parsim”. Como já ficou demonstrado acima, “peres” é forma plural. Isso tomava o sentido de dividido, compartilhado; o reino de Belsazar está para ser dividido entre os medos e os persas.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag.104-106.
3. O fim repentino do império babilônico (vv.30,31).
O fim repentino do Império Babilónico (5.30,31). Belsazar não escapou do juízo de Deus pela sua profanação. Enquanto ele fazia sua festa blasfema, os exércitos medos-persas cercaram a cidade da Babilônia. Havia um sentimento de segurança dos habitantes da cidade porque ela tinha fortificações que pareciam impenetráveis. Seus muros eram altos e largos e todos se sentiam seguros. Porém, a estupidez e displicência de Belsazar o fizeram descuidar-se da segurança da cidade, quando Ciro, o persa, conduzia seus exércitos para cavarem canais aos lados do rio Eufrates afim de que as águas do rio fossem desviadas. As águas desviadas foram represadas e canalizadas deixando seco o leito do rio. Por esses canais, os exércitos medos-persas caminharam e tomaram de surpresa a cidade que não ofereceu qualquer resistência. Os exércitos invasores dos medos-persas, aliados, desarmaram os soldados da segurança da cidade naquela noite e não foi difícil tomar o reino. Dario, o medo, tomou o reino naquela noite fatídica para Belsazar e seus grandes.
Aquela noite foi uma demonstração de que Deus, o Todo Poderoso, tem o cetro de governo do mundo em suas mãos e que nada escapa ao seu poder. Esse fato lembra e tipifica o final do poder gentílico por ocasião da segunda vinda de Cristo. O colapso do império foi imediato. Tão logo foi dada a interpretação da mensagem e as honrarias feitas a Daniel para ser o terceiro homem do império, o exército de Dario entrou na cidade e o exército de Nabonido e de seu filho Belsazar, bem como a guarda do palácio não puderam evitar a invasão dos exércitos dos medos e dos persas.
Olhando escatologicamente a queda da Babilônia a identificamos como uma figura da Babilônia religiosa do Apocalipse 17 e a figura da Babilônia comercial de Apocalipse 18. No texto de Ap 18.10 está escrito: “Ai, ai daquela grande cidade Babilônia, aquela forte cidade! Pois numa hora veio o seu juízo”. Do mesmo modo como Ciro, o persa, desviou as águas do rio Eufrates e o secou para invadir com seus exércitos a grande Babilônia, nos faz lembrar a profecia do secamento do rio Eufrates como juízo divino expresso na abertura do sexto selo. Esse juízo significa a preparação do caminho aos reis do Oriente para invadirem com seus exércitos para a grande Batalha do Armagedom (Ap 16.12).
Após Daniel ter interpretado a escrita na parede e ter deixado pasmos a todos, Belsazar ordenou que vestissem a Daniel com roupas de púrpura e lhe pusessem um colar de ouro ao pescoço o proclamando como o terceiro homem do reino, a autoridade mais importante do império depois do rei Nabonido e de Belsazar. Mas Deus é reto em seus desígnios e permitiu que Belsazar fosse morto naquela mesma noite e, Dario entrou na Babilônia assumindo o seu trono (Dn 5.29-31).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 86-87.
Dn 5.30 Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus. O golpe divino atingiu o rei de modo súbito e brutal. Belsazar não chegou a atravessar vivo aquela noite. O fraseado usado neste versículo indica um ataque noturno, declaração confirmada tanto por Heródoto quanto por Xenofonte. Este último mencionou especificamente que o ataque foi desfechado à noite, durante uma festa de vinho (Cyropaedia, I.7, sec. 7, sec. 23 e 23). “Ciro desviou as águas do rio Eufrates para um novo canal e, guiado por dois desertores, Gobiras e Gadatas, marchou pelo leito seco do rio e entrou na cidade... Quanto ao fato de que Belsazar foi morto, cf. Isa. 14.18-20; Jer. 50.29-35 e 51.57. A cidade foi cercada, e Ciro estava preparado para um longo cerco. A cidade tinha comida estocada para vinte anos! Belsazar não temia o exército persa, que era dirigido por Ugbaru. O truque das forças atacantes foi o desvio do rio, que levou o drama a um desfecho tão rápido e inesperado, cum prindo a temível profecia de Daniel. Ver também Isa. 47.1-5. A queda da cidade de Babilônia pode ser datada corn precisão. Ocorreu a 16 de tisri (12 de outubro de 539 A. C.). Chegamos agora à segunda fase do governo dos gentios (ver Dan. 2.39), em consonância com o sonho da imagem de Nabucodonosor.
Dn 5.31 E Dario, o medo, ... se apoderou do reino. Os críticos encontram neste versículo um equívoco importante, cometido pelo autor sacro, assegurando-nos que nunca houve alguém como Dario, o medo. Eles supõem que esse seja um detalhe registrado por um escritor mal informado das circunstâncias que envolveram os medos e os persas. “Têm havido tentativas para identificá-lo com Ciaxares II, o tio de Ciro; com o próprio Ciro, com Gobrias, o general que realmente tomou a cidade de Babilônia e a governou por algum tempo; com Cambises, filho de Ciro; e com Astiages, o último rei dos medos. Todas essas identificações propostas naufragam sobre os fatos de que, neste livro, Dario foi um medo (Dan. 5.31); filho de Xerxes (10.1); antecessor im ediato de Ciro (6.28 e 10.1). Portanto, ele é uma personagem de ficção e não uma figura histórica, e não há dificuldade alguma em ver como esses relatos sobre indivíduos fazem com que Ciro, que tomou a Babilônia em 538 A. C., veio a ser confundido com a personagem de Dario I, que a capturou em 520 A. C. A teoria dos quatro impérios exigia que o império medo existisse antes do império persa, e a profecia predissera a derrubada da Babilônia por parte dos medos (ver Isa. 13.17; 21.2; Jer. 51.11,28), pelo que temos a figura indistinta de Dario, o medo, como sucessor imediato de Belsazar, É perfeitamente possível que memórias reminiscentes tanto de Gobiras quanto de Cambises tenham contribuído para form ar essa figura” (Arthur Jeffery, in toe).
Harmonia a Qualquer Preço. Se existem erros históricos nos livros da Bíblia, isso nada tem que ver com a teoria da inspiração, que não requer perfeição verbal e histórica. Devemos lembrar que é a teoria do ditado que faz tais exigências. Não há razão para duvidarmos de que algumas Escrituras foram produzidas através desse método, mas também não há razão para acreditarmos que as Escrituras, em sua inteireza, foram assim produzidas. Ver no Dicionário o artigo geral sobre Inspiração e Revelação, o qual entra nas questões relativas ao m odus operandi da inspiração. Sabemos que quase todos os autores das Escrituras cometerem erros gramaticais e que existem, aqui e acolá, versículos confusos que perm aneceram sem revisão. A perfeição verbal, na realidade, é um mito, e as pessoas que lêem os originais sabem que essa perfeição é uma falsidade. Tais coisas, no entanto, nada têm que ver com as mensagens apresentadas, e não devem deixar um crente sem dorm ir à noite, com excessiva ansiedade. Algumas vezes a harmonia é defendida em detrimento da honestidade.
Com cerca de sessenta e dois anos. Talvez esteja em vista Gobrias, e a idade fosse dele. Alguns dizem que a idade de Daniel é que está em foco, mas na época ele tinha entre 80 e 90 anos de idade. A Septuaginta sim plesm ente deixa essas palavras fora do texto sagrado. Xenofonte (Cyropaedia, viii.5,19) atribui essa idade a Ciaxares II, tio de Ciro.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397.
Colapso do Império (5.30-31)
Mal haviam acabado de colocar os adornos de honra em Daniel, quando os soldados de Gobrias e Ciro invadiram o palácio com gritos de guerra. A tradição diz que os engenheiros de Ciro desviaram o rio e entraram na cidade pelo canal seco. Mas evidências mais sólidas parecem indicar que insurretos de dentro da cidade abriram as portas e deixaram o exército persa entrar. A cidade caiu com pouco derramamento de sangue, além de Belsazar. Quando o exército do rei Nabonido foi completamente derrotado, Ciro deu a ele uma residência permanente em Carmânia, uma província não muito distante, onde viveu o restante dos seus dias.
Mas em relação a Belsazar, filho de Nabonido, quão pateticamente fútil foi a oração do pai registrada em um enorme rolo com caracteres cuneiformes encontrado no zigurate em Ur! Endereçado a Sin, o Deus-Lua, lê-se o seguinte: “Quanto a mim, Nabonido, o rei da Babilônia, o venerador da sua grande divindade, que eu possa ser satisfeito com a plenitude da vida, e quanto a Belsazar, o primeiro filho dos meus lombos, alongue os seus dias; não permita que se volte para o pecado”.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 537.
Daniel se Manifesta Claramente a Belsazar ao Interpretar as Palavras Escritas na Parede
Dn 5.30,31 Aqui temos: 1. A morte do rei. Ele tinha razões suficientes para tremer, pois tinha acabado de cair nas mãos do rei dos terrores (v. 30). Naquela noite, enquanto o seu coração se alegrava com o vinho, os inimigos haviam invadido a cidade e se dirigido ao palácio onde encontraram o rei e o feriram de morte. Ele não conseguiu encontrar nenhum lugar que fosse tão secreto para se esconder, ou tão forte para protegê-lo. Escritores gentios escrevem que Ciro tomou a Babilônia de surpresa, ajudado por dois desertores que lhe mostraram a melhor maneira de entrar na cidade. Mas havia sido previsto que a corte iria ficar muito atemorizada (Jr 51.11,39). Observe que a morte chega como uma cilada àqueles cujo coração está sobrecarregado de intemperança e embriaguez. 2. A transferência do reino para outras mãos. Da cabeça de ouro descemos agora para o peito e os braços de prata. Dario, o medo, assumiu o reino em parceria, e com o consentimento de Ciro, que o havia conquistado (v. 31). Eles haviam sido parceiros na guerra e na conquista, e assim permaneceram no domínio do reino (cap. 6.28). Observe que em razão da sua idade (pois agora tinha sessenta e dois anos), Ciro, seu sobrinho, lhe dera a precedência. Alguns comentam que, como tinha essa idade no último ano do cativeiro, ele devia ter nascido no oitavo ano do cativeiro, e que esse era o ano em que o rei Joaquim havia sido levado cativo juntamente com todos os nobres (leia 2 Reis 24.13-15). Exatamente nessa época, quando o golpe mais fatal havia sido desferido, nasceu um príncipe que, no decorrer do tempo, iria realizar a vingança de Jerusalém contra a Babilônia e curar a ferida que lhe havia sido feita. Como são profundos os desígnios de Deus a respeito do seu povo, e como são bondosos os seus planos para com este povo.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 860.

0 comentários